Quarto de Hospedes

Assim que ele soltou minha cintura persebi que tambem deveria solta-lo, e foi exatamente o que fiz. Não seria nenhuma mentira contar que tinha sentido os pelos de minha nuca e braço se arrepiarem ao sentir a mao dele em minha pele exposta pela camiseta curta. Engoli em seco, apenas esperando que ele me seguisse enquanto andava para as escadas, subindo rapidamente e parando ao lado da porta do quarto de hóspedes, a abrindo também. Pelo menos tudo estava completamente organizado naquele comodo. Fiquei de lado, para que ele pudesse passar a meu lado e ver por si mesmo o quarto. Apontei, com a cabeça, para a porta no canto, o banheiro.
-Bom, acho que voce vai ficar confortavel nesse quarto. Se precisar de alguma coisa é só chamar. Meu quarto é a porta da direita.
Nao sabia se devia falar mais alguma coisa, se deveria beijá-lo, como queria a algum tempo, ainda mais com os lindos olhos verdes dele me encarando daquele jeito. Devia ser crime ser tão irressistivel quanto ele, mas apenas olhei para o lado, corada, sem querer realmente sair dali ainda, mas achando que ele nao iria querer mais companhia por hoje. Ele estava cansado, queria um banho e depois dormir... E nao uma companhia que provavelmente nao desejava. Oras... Eu precisava comprar logo um cachorro. Ou alguns gatos. Seria uma boa idéia até...

Sorri para ele quando senti suas maos em minha cintura. Ao que parecia nao era a unica me sentindo sozinha na casa hoje. Era bom ao menos isso estar acontecendo. Nao estaria sozinha, ao menos por essa noite. E ele parecia feliz em me satisfazer. Quase me sentia uma ladra, mas como a iniciativa partia dele, nao me sentia tao mal assim. Ele tambem queria isso, e suas maos quentes em minha cintura eram mais do que o bastante para acender meu desejo. Era bom quando um homem de verdade aparecia, mesmo que do nada, em minha vida. Suas palavras, sobre um tapa, receberam apenas um riso baixo de mim. Sequer cogitara essa ideia. Era tudo o que eu queria, e nao pretendia dar as costas para isso agora. Meu riso saira rouco, e eu sabia disso. Mesmo nao o escutando em primeira mao.
-Que tal parar de falar tanto? Me beija logo.
Enquanto falava, eu mesma tomava a iniciativa, encostando um de meus pés descalços na parede atras de mim e passando minhas maos em seu pescoço, enroscando meus dedos no cabelo macio da nuca e passando as unhas pela pele do local. Adorava aquela sensaçao, ainda mais o beijando, como estava agora.

Ainda estava abraçada a ele, com os braços ao redor de seu pescoço e minha cabeça na curva de sua omoplata. Ele ainda estava de pé, apoiado na parede de leve, e eu sentia a agua caindo por minhas costas, do chuveiro ainda ligado e quente, meus cabelos estavam muito molhados, mas eu não poderia fazer nada além disso, encostar minha cabeça. Mas estava longe de ser saciada, e ao que parecia, ele também. Mordi seu pescoço, sabendo exatamente onde isso iria terminar, e era o que eu queria, mas não aqui, de pé, de novo. Sabia para onde queria ir, e era melhor que ele me atendesse, como realmente o fez, apenas escutando uma palavra de minha boca, junto de seu ouvido e junto de seu pescoço.
-Cama.
Pareciamos ler os pensamentos um do outro, sabendo exatamente onde tocar, o que fazer. Era como se nos conhecessemos a anos, e não a apenas algumas horas. E tudo estava muito bem assim, sequer notava muito bem os lençóis molhados em minhas costas, ou meus cabelos grudados em minha pele, nos braços e nas costas. Secos, paravam no meio das costas. Molhados assim... Quase ao fim da coluna. Os olhos dele, verdes e brilhantes, me encarando, não eram muito mais do que eu precisava para sentir tudo vindo a mim novamente. A noite seria longa... Mas como a companhia era boa, e pareciamos nos entender perfeitamente bem... Não seria problema, ao menos para mim. Toquei seu rosto, com ele deitado abaixo de mim, apenas estavamos recuperando o folego antes de voltarmos ao que faziamos antes. Assim era mais divertido, sem problemas para mais algumas vezes.
-Espero que você não tenha nenhuma doença que eu deveria saber...
Enquanto falava, mordia seu pescoço e suspirava em seu peito. Estava confortavel deitada assim, em cima dele, pensando apenas no que poderia fazer para ficar ainda melhor a nossa noite. Mas eu não pretendia dormir agora, e nem mesmo nessa cama, molhada de água e suor. E talvez algumas coisas mais... Mas não vinha ao caso. Enquanto esperava uma resposta, completamente relaxada, me lembrava dos momentos de agora pouco, apenas querendo repetir novamente a dose.
-Molhamos toda a cama... Acho que seria melhor dormirmos no meu quarto... Não quero ficar resfriada.
Enquanto falava, voltava a beijar o pescoço dele, e morder de leve, também passando minhas mãos por seu peito, novamente, olhando mais atentamente a tatuagem que ele tinha no peito.

Não resisti a uma pequena risada quando ele me olhou de lado. Ao que parecia, não era comum a ele também fazer algo sem proteção, como não o era para mim, mas não era como se tivessemos planejado alguma coisa para essa noite. Apenas acontecera, e eu não me arrependia disso, ainda mais sabendo que sempre tomava as precauções que podia. Não pretendia ter um filho tão cedo, isso se um dia eu tivesse um filho. Não seria algo muito bom trazer uma criança para dentro dessa cidade. Ainda mais com a infestação de vampiros, que sempre me deixava ansiosa. Os alarmes de fora da casa estavam ligados, e eu sabia que em cada um dos comodos havia uma faca escondida, ao alcance da mão, não que Oliver fosse saber disso tão cedo.
-Também não tenho esse costume, mas não é como se tivessemos planejado alguma coisa. Não se preocupe, também não tenho nenhuma doença, desconfiado... E tomo anticoncepcional.
Sim, eu realmente tomava os meus cuidados. Não queria ficar doente, nem gravida. Mas se ele dizia isso, confiava. Ele não precisava saber que todas as pessoas da cidade eram mais do que completamente saudaveis, ao menos nesse tipo de coisa. Resfriados e doenças assim eram comuns, como em qualquer outro lugar, mas não doenças que pudessem sujar nosso sangue. Mesmo de quem não tinha a menor ligação com os vampiros, sabiam que deveriam ser saudaveis. Podia ser nescessário mais cedo do que se imaginava ter um protetor. E eu precisava de um, mas não era a hora que queria pensar nisso, muito menos a companhia. Ele teria de ser alertado, e esperava que não sobrasse para mim essa missão. Não queria me passar por louca para alguém como ele. Mas sua piada tola era divertida da mesma forma. Não pretendia deixar que ele fosse embora no outro dia de manhã, mas deixaria essa conversa para amanhã. Não para agora.
-Sim, passou sim, e não reclame. Te mostro o caminho.
Não pude resistir quando ele nos enrolou em um dos lençois. Eu não pretendia andar enrolada em um lençol molhado pela minha propria casa. Não mesmo. E ele já me vira nua, e veria de novo, então vergonha não era uma opção. Me soltei de seus braços, e também me desenrolei com alguma facilidade enquanto olhava por cima do ombro rindo para ele e andava, completamente nua, para fora desse quarto e para dentro do meu, deixando a porta aberta ao passar e me deitar na cama feita por cima dos cobertores felpudos.

Encerrado para Shamira e Oliver